quinta-feira, 1 de abril de 2010

'Fazer política, sem dúvida, é mais difícil do que administrar Sorocaba'

Prefeito aceita ser sabatinado pelo Conselho de Leitores do BOM DIA

O prefeito de Sorocaba, Vitor Lippi, aceita o convite do BOM DIA para ser acareado pelos integrantes do Conselho de Leitores, na 2ª entrevista do ano da série ‘Sabatina’, publicada todo último domingo do mês.

No segundo ano do segundo mandato frente à Prefeitura de Sorocaba (no ano passado enfrentou sucessivos escândalos envolvendo o primeiro escalão do seu governo), o prefeito Vitor Lippi está longe de demonstrar desconforto ou desânimo. A característica cordialidade no tratamento e o sorriso no rosto foram mantidos em mais de duas horas de entrevista, na quinta-feira, com os membros do Conselho de Leitores do BOM DIA, onde falou sobre o desafio de administrar a cidade e equacionar o jogo político.

Sorocaba está preparada para atender as demandas geradas com a instalação da fábrica da Toyota?

Vitor Lippi - Sem dúvida esse empreendimento vai gerar um crescimento rápido da cidade e trabalhamos para que esse crescimento ocorra de forma sustentável. Estamos atuando no combate à invasão, com a fiscalização diária de 80 áreas públicas e privadas. No trânsito estamos desenvolvendo um grande projeto viário para interligação (Sorocaba Total) de 33 quilômetros das principais avenidas das zonas norte e oeste, que são de maior crescimento. E além dos investimentos públicos, estamos em conversa com a iniciativa privada para o crescimento de vagas nos hispitais da cidade.

Os sorocabanos serão beneficiados com os novos empregos gerados?

Vitor Lippi - Não é possível ter um controle efetivo sobre isso, principalmente em nível de diretoria. Mas certamente as vagas de nível técnico serão absorvidas pela cidade, que já oferece mão-de-obra especializada. A prefeitura e o Estado também estão investindo na ampliação de vagas na Fatec, do Centro Paula Souza, além da construção da nova unidade do Senai pela Fiesp.

O que falta para Sorocaba resolver o problema da destinação do lixo?

Vitor Lippi - O aterro está chegando no seu limite e não tem como ser ampliado. Temos buscado alternativas em outras áreas e esperamos aprovação de uma área no Ipatinga. Iperó já conseguiu em uma região próxima e concordou em receber o lixo de Sorocaba. Estudamos também a possibilidade da instalação de uma usina termoelétrica para receber esse lixo.

E o programa de coleta seletiva?

Vitor Lippi - Trabalhamos em conjunto com as cooperativas de catadores. Hoje são três e mais a Coreso. A intenção é ampliar para sete. Vamos iniciar a licitação para compra de novos caminhões que farão a coleta de 50% do lixo reciclável nesse ano e no ano que vem vamos atingir 100% da cidade.

Sorocaba não vai ter um centro de eventos e cultura adequado?

Vitor Lippi - O projeto da nova unidade do Sesi inclui a construção de um grande espaço comunitário e um teatro com palco reversível e já estamos montando o Teatro Referência, no Jardim Saira. Vamos fazer ainda o maior parque da cidade, numa área de um milhão de metros quadrados que será desapropriada e também faremos o lançamento do Jardim Botânico. Os parques são nossa prioridade absoluta.

Onde serão?

Vitor Lippi- (Risos) Não posso dizer. Já falei demais.


Como o senhor pretende resolver a falta de vagas em creches?

Vitor Lippi - Essa deficiência realmente existe em sorocaba, mas vem sendo diluída e já passamos de 2 mil para 5 mil vagas. A nossa luta é chegar a 8 mil vagas em dois anos.


O que é mais difícil: administrar a prefeitura ou a política?

Vitor Lippi -Fazer política, sem dúvida, é mais difícil do que administrar Sorocaba. É impossível prever o que vai acontecer em política porque ela não tem lógica. É uma grande conveniência.

O PSDB perdeu 80% dos seus filiados em Sorocaba. O que provocou esse esvaziamento do partido?

Vitor Lippi - O PSDB foi criado há quase 20 anos. Agora tivemos que cumprir uma determinação que definia um prazo para o recadastramento dos seus filiados. Eram 3 mil pessoas e ficou impossível manter contato com todas elas. Foram localizados cerca de 400. Não temos dinheiro e nem estrutura para manter contato com todos os filiados. Se outros partidos fizessem o mesmo também haveria esse esvaziamento. O mais organizado é o PT (Partido dos Trabalhadores) que tem dinheiro e a organização dos sindicatos por trás.

O partido ajuda ou atrapalha um governo?

Vitor Lippi - O partido dá o direcionamento. Mas como em qualquer agremiação existem desentendimentos e diferenças entre lideranças. Já tivemos muitas dificuldades e os problemas continuam, mas nada que seja tão grave.

O senhor está no segundo mandato e não pode se reeleger. O que o senhor acha de uma candidatura do Renato Amary?

Vitor Lippi - Ele seria um bom candidato. É uma pessoa experiente. Tenho que fazer uma avaliação justa. Ele fez o melhor que pode naquele momento. Agora estou dando a minha contribuição para a cidade de uma outra forma. Cada um dentro do seu estilo.

Como o senhor acha que o deputado Antônio Carlos Pannunzio, seu aliado, vai receber essa declaração?

Vitor Lippi - Não quero perder minha característica de ser sincero. Aprendi muito com o Pannunzio. Tudo o que sei sobre gestão aprendi com ele. É um político muito experiente, com excelentes contatos e muita postura e coragem para enfrentar as situações.

Qual foi a falha na eleição da Câmara que fez com que o candidato do seu partido perdesse a presidência da Mesa?

Vitor Lippi - Os vereadores têm um tempo de fazer política que eu não tenho, pois preciso trabalhar muito para administrar a cidade. A Câmara faz articulações políticas o tempo todo. Acreditávamos que o PV, que sempre foi nosso aliado, estivesse conosco e fomos surpreendidos. Política não é matemática. Se assemelha mais com futebol. Você nunca sabe como vai terminar o jogo. Temos que administrar várias emoções, egos, intrigas e ressentimentos.

O seu segundo mandato está sendo mais difícil?

Vitor Lippi - Politicamente sim. Aconteceram problemas no ano passado que não consigo entender ainda. Outro fato é essa postura dos vereadores. Criaram até a CPI dos Ônibus. Tivemos toda a clareza e transparência no processo de intervenção, que durou um ano e meio, com toda a orientação do Tribunal de Contas. Não há nada de ilícito.

Como o senhor vê essa postura do Legislativo?

Vitor Lippi - Vejo com naturalidade. Na verdade sempre foi assim e sempre vai ter esse conflito. Faz parte esse jogo no processo democrático.
Qual programa o senhor destaca dentro da sua administração

Vitor Lippi -Tenho muito orgulho e me emociono muito durante as plenárias cidadãs, em que a comunidade tem oportunidade de definir as suas necessidades no Orçamento.

Toledo

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